Quando eu tive medo.

Porque passamos despercebidos para o que realmente importa? Eu que tanto fotografo os amores, os bebês, as vidas de outras pessoas, ainda não tinha pausado para colocar em minhas fotografias o amor pela minha maior riqueza. Sempre esperamos estar mais magros ou estar com a melhor roupa ou estar naquele evento “top”. Fazendo selfies em celulares, com pessoas menos importantes. On-line nas redes e off-line na mesa de jantar. Deixando o meu álbum de família cheio de buracos.

Aí vem algo que te dá um beliscão. No meu caso um câncer de mama em minha mãe. Descoberto em menos de um mês, corremos contra o tempo. Eu queria congelar essa fase, dessa mulher tão forte, antes de um tratamento cruel e invasivo. Nessa quinta (22/10) ela fará a sua segunda quimio. Então, esse ensaio passou a ser um registro de muitas coisas no nosso Outubro Rosa.

É um presente para que ela não esqueça de nada do que essa doença possa tirá-la.

É um registro do quanto ela é bonita.;

É o nosso primeiro ensaio juntas;

É um depoimento de alerta – (façam seus exames, mulheres!);

É minha forma de declarar amor;

E, o mais importante, uma percepção do que é realmente relevante.

Mãe, quando seus cabelos caírem, saiba que eles eram os mais lindos. Só não se limite à isso. Lembre-se que somos sua pele, que seus seios cumpriram seu papel e que não está somente nisso a sua beleza. Ela transcende à partes do seu corpo. Nada pode tirar o que és para nós, para os seus amigos e irmãos. Somos lindos por essência, pelas lembranças do que fomos, dos que amamos, das músicas que mais gostamos, da saudade que ficou, das marcas do tempo em nosso rosto. E eu sempre te amarei, este é nosso maior legado. Desculpe o atraso.

P.S: Agradecer aos amigos que me atenderam de prontidão e de coração para que as fotos acontecessem: Marianna Calmon, Pg Ribeiro e Luisa Sussuana . Agradecer Luis Brugni, Márcia Brugni e Ricardo Cruz, por serem tão presentes. Aos médicos competentes que a assistem; Dr. João Lucas e Dra. Vanessa Dybal.